sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Representatividade real

 Artigo publicado originalmente em Seja Mudança, em 10/06/2020.



Ciente de desfrutar o privilégio da branquitude, sem tomar o lugar de fala que não me cabe, mas me posicionando de forma antiracista ao sistema que escrevo este texto.

A cada corpo preto no chão, seja Marielle Franco, Evaldo Rosa, Luciano Macedo, Ágatha Félix, João Pedro Pinto, George Floyd ou Miguel Otávio da Silva, sentimos o racismo estrutural institucional socar nosso rosto. Racismo esse que é internacional e imperialista.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi escrita em 1948 para reparar os horrores cometidos na II Guerra Mundial, praticados por brancos, contra uma maioria branca. Algo parecido, direcionado ao povo preto, só foi escrito 19 anos depois, mas reparação histórica contra o povo preto, pelos 400 anos de Diáspora Africana, não foi feita devidamente, principalmente em solo tupiniquim.

Desde de que começaram os protestos antirracistas estadunidenses, decorrentes do assassinato do músico George “Big” Floyd, por policiais de Minneapolis, no estado de Minnesota, começaram as comparações com nossos atos, por parte de pessoas que parecem que não vivem no país que mata um jovem preto a cada 23min. Onde, pra ser vítima da violência policial, não precisa nem sair de casa, como no caso de João Pedro Pinto e tantos outros. Onde a polícia oprime protesto legítimos e afaga os fascistas.


Tendo em vista nosso cenário, precisamos analisar como podemos criar políticas que viabilizem uma sociedade antirracista a partir de agora.

Um grande obstáculo no enfrentamento do racismo institucional é falta de representatividade. Há alguns dispositivos legais que só arranham esta carência, como a Lei Ordinária 3110, a Lei Federal nº 12.288 e a Lei  nº 12.711. Seria necessária uma cotização real, não só nas universidades(que deixam a desejar, diga-se de passagem), mas em todas as esferas da sociedade brasileira.


Deveríamos ter 55,8%(não vou entrar no recorte de gênero, por hora, por incompetência matemática) das vagas para negros e pardos (arredondado pra cima), em UF/IF em cada curso/turno. Se a UFF(Universidade Federal Fluminense) tem 60 vagas pra direito, em 3 turnos, 23/40 matinais, 9/15 vespertinas e 3/5 noturnas deveriam ser para negros e pardos.

Deveríamos ter o mesmo recorte étnico no funcionalismo público. Se há 99% de juízes brancos, há de se fazer os próximos concursos só para negros e pardos afim de que a cota étnica de 55,8% seja atendida mais brevemente.

Deveríamos cotizar o legislativo em todas as esferas, de modo a contarmos com 287/513 deputados federais, 46/81 senadores, 38/70 deputados estaduais(RJ) e 11/24 vereadores(45,1% é o último índice registrado em Niterói-RJ) negros e pardos.

Outro problema é a reparação material. Não houve nenhuma reparação por parte do estado brasileiro às vítimas da Diáspora Africana e seus descendentes. O Brasil sequestrou, escravizou, torturou e estuprou o povo preto durante 388 anos e não pagou por isso.

Quando a Lei Áurea chegou, depois de 308 anos de luta quilombola e 90 anos de luta abolicionista, os agora libertos, foram largados a própria sorte sem terra, sem renda e sem emprego. Só debateu-se a reparação dos senhores, mas não das vítimas destes. O recalque dos senhores com a negativa da indenização foi um dos agregadores ao Golpe Militar de 1889, erroneamente chamado de proclamação da república.

Os 20 mil militares pretos, sobreviventes ou descendentes destes, que combateram na Guerra do Paraguai, provavelmente dariam trabalho aos golpistas, num retorno a escravidão, então o Estado começou o promover programas de imigração de mão de obra branca, italiana primeiramente, pra não empregar a mão de obra preta e instauraram um programa de branqueamento.

BROCOS, M. A Redenção de Cam. 1895. 1 original de arte, óleo sobre tela, 199 cm x 166 cm.

Sei que tô muito palestrinha, mas tô chegando lá.

Em 1994, o Movimento Pelas Reparações (MPR) dos afrodescendentes no Brasil, orçou a reparação material do povo preto. Corrigindo os valores pra 2020, os beneficiados da exploração dessa mão de obra gratuita são devedores de US$ 10.622.320.000.000,00(dez trilhões seiscentos e vinte dois bilhões e trezentos e vinte milhões de dólares). O que daria US$ 91.585,96 ou R$ 448.780,36, para cada um. O deputado federal Paulo Paim(PT) até fez um Projeto de Lei, em 1995, mas foi arquivado.

Um “Cartão Reparação”, nos moldes do Bolsa Família e Auxílio Emergencial ao Cidadão, com valor de R$ 9.349,60 mensais, durante 4 anos(com as devidas correções inflacionais anuais) deixaria tudo quite NUM ÚNICO MANDATO. Além de ser ético, não pesaria no bolso do Estado e fomentaria a economia.

“Tá, seria ótimo! Mas como faz?”, você diria e a resposta é simples: Organização, organização, organização.

Como você se organiza politicamente? Associação de moradores, grêmio estudantil, coletivo, sindicato, partido? O ideal é todas as anteriores. A sociedade civil organizada é o que nos torna uma força democrática. Se você não se organiza, ficará mais difícil ser ouvido. Não adianta ir a urna de 2 em dois anos e ir protestar eventualmente.

Participe da sua associação de bairro, ou crie uma caso não haja. O mesmo vale pro grêmio estudantil ou uma causa defendida por um coletivo. Sindicalize-se. Os sindicatos foram feitos pra defender você e seus colegas de categoria. Tem um partido que vota com frequência por concordar com suas propostas? Filie-se!

Nos envolvendo no processo político é o jeito mais fácil de alcançar a representatividade real.

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Bolsonarismo vence em Niterói

 "Esse cara tá maluco", dirá você leitor(a), mas calma que eu chego lá.

Partindo do pressuposto governista, os partidos que concordam entre 0-33% são de oposição, entre 34-66% são de centro e de mais que 67% de situação. Estamos falando do governo bolsonarista, então a oposição é de esquerda.

Dito isto, vamos analisar o gráfico de governismo partidário abaixo:


Nas votações de 2020, na Câmara de Deputados, temos:
Esquerda - PSOL, PT e PCdoB;
Centro - REDE, PSB e PDT;
Bolsonaristas - PV, Avante, PROS, Podemos, Cidadania, Solidariedade(SD), PTB, PSD, PL, Republicanos, Progressistas(PP), MDB, PSDB, NOVO, PSC, DEM, Patriota e PSL.
Já entre 2019 a 2020 abrangemos desde o começo do mandato:
Esquerda - REDE, PT, PSOL e PCdoB;
Centro - PV, PSB e PDT;
Bolsonaristas - Solidariedade(SD), Republicanos(Rep), PTB, PSL, PSDB, PSD, PSC, PROS, Progressistas(PP), Podemos(PODE), PL, Patriota, NOVO, MDB, DEM, Cidadania e Avante.

Calma que piora! Olha o Senado no mesmo período:
Esquerda - ninguém;
Centro - ninguém;
Bolsonarista - Republicanos(Rep), REDE, PT, PSL, PSDB, PSD, PSC, PSB, PROS, Progressistas(PP), Podemos(PODE), PL, PDT, MDB, DEM e Cidadania.

Sentiu o golpe da realidade batendo no seu quengo? Pois é. Vamos assumir que um partido, que em sua maioria, atuando na esquerda ou direita, seja menos maleável quanto a desvios de votação de sua bancada. Se tal parlamentar se desvia sem ser punido(como fez até o PDT com Tabata Amaral) o partido é conivente. E nessa conivência que o bolsonarismo cresce. Com isso temos, ao todo:
Esquerda - PSOL e PCdoB;
Centro - PV;
Bolsonarista - REDE, PT, PSB, PDT, Solidariedade(SD), Republicanos(Rep), REDE, PT, PTB, PSL, PSDB, PSD, PSC, PROS, Progressistas(PP), Podemos(PODE), PL, Patriota, NOVO, MDB, DEM e Cidadania e Avante.

Mas você dirá, isso não é prova do bolsonarismo dominante em Niterói. Não esqueça o fator coligação cara(o) eleitor(a). Do mesmo modo que um partido que é conivente, uma coligação de partidos para uma chapa é conivente com as atuações, um do outro. É como diz um ditado alemão:
"Se há dez pessoas numa mesa, um nazista chega e se senta, e nenhuma pessoa se levanta, então existem onze nazistas numa mesa."

Ou como diria minha bisavó:

"Quem se mistura com porcos, farelo come."

Vamos as coligações niteroienses, onde Esquerda, Centro e Bolsonaristas serão mostrados:
12)União por Niterói - PDT(B), Solidareiedade(B), PV(C), PL(B), PRTB(B, pela sua ideologia), MDB(B), PT(B), PSB(B), PP(B), REDE(B), Patriota(B), PCdoB(E), Avante(B) e Cidadania(B).

16)PSTU(E, pela sua ideologia).

17)Força, honra e fé - PSL(B), Republicanos(B) e PMN(C, pela sua ideologia).

27)DC(B, pela sua ideologia).

30)NOVO(B).

35)PMB(C, pela sua ideologia).

36)Aliança por Niterói - PTC(B, pela sua ideologia) e PODE(B).

50)À esquerda, pra mudar Niterói - PSOL(E) e UP(E, pela sua ideologia).

55)Niterói primeiro - PSD(B), DEM(B), PSDB(B) e PROS(B).

Sacou? Não? Vou resumir: União por Niterói(B), PSTU(E), Força, honra e fé(B), DC(B), NOVO(B), PMB(C), Aliança por Niterói(B), À esquerda, pra mudar Niterói(E) e Niterói primeiro(B).

Ou sejE, conterrânea(o) eleitor(a), ao fim das apurações temos:


A esquerda em Niterói, representada pelos psolistas Prof. Tulio, Benny Briolly e 
PEG, tem um grande desafio pela frente. O povo niteroiense precisa de alguém que os defenda. Verdadeiramente, só o trio pode.

Fonte: Congresso em Foco 
https://congressoemfoco.uol.com.br/governo/exclusivo-os-12-partidos-que-formam-a-base-fiel-do-governo-na-camara/
https://radar.congressoemfoco.com.br/governismo/camara
https://radar.congressoemfoco.com.br/governismo/senado

sábado, 7 de novembro de 2020

A picada é a mesma


Ao me deparar com a emoção, de alguns atores e militantes da esquerda(alguns nem tanto PT saudações), com a vitória do Boi Caprichoso democrata Joe Biden, para a presidência estadunidense, como se vitória da esquerda internacional fosse, resolvi escrever este texto.

Verdade Gráfica: EUA intermediando nas Américas, por GZERO 

Essa doideira confusão não me entra na cabeça, principalmente, depois de saber que a CIA preparou o Golpe Militar de 1964, sob a presidência democrata de Lyndon Johnson. A cobra imperialista deu bote na América-latina quase toda, desde que tomaram piau de Che e Fidel, em 1959. A espécie Crotalus Democratus envenenou 19 de 41 democracias latino-americanas, de 1898 a 1994, como mostrou a ReVista. As demais 22 foram vítimas da Crotalus Republicanus.

Crônicas de Intervenções, traduzida e ampliada de ReVista

O jogo político estadunidense entre Republicano x Democrata, tem em solo tupiniquim, seu reflexo com PTucanato, como diz Prof. Nildo Ouriques. Este ficou em voga aqui até o Golpe de 2016. Hora privatizante, hora assistencialista, mas sempre beneficiando o capital em detrimento da classe trabalhadora.

Tá! Mas o Obama...


Obama largou 26.171 bombas na Síria, no Iraque, no Afeganstão, na Líbia, no Iêmem e na Somália, SÓ EM 2016! Esteve em guerra em TODOS OS DIAS de seus dois mandatos. 


A galera dos Anais de Pesquisa Improvável perdeu, ao meu ver, uma grande oportunidade de dar o Prêmio IgNobel da Paz, de 2016, a Obama.


Sem contar a participação na espionagem e Guerra-jurídica (Lawfare, para não falantes de português), a Operação Condor 2.0, que começou no Golpe hondurenho de 2009, depois veio aqui na forma de Lava-jato, que culminou no impedimento de Rousseff (e, portanto, na prisão de Lula, anos depois). Dito isso, eu pergunto, por que caralhos o vice do baluarte máximo do imperialismo bélico no Oriente-médio e titereiro das Américas é de esquerda?

Quero que alguém me olhe como Joe Biden olha para Obama.

A esquerda estadunidense tem seus representantes no PSL calma, Partido pelo Socialismo e Liberação, no WWP, Partido Mundial ah! a soberba estadunidense dos Trabalhadores, no SEP, Partido da Igualdade Socialista, na Ação Socialista, e na SA, Alternativa Socialista. NÃO NOS DEMOCRATAS.

Os históricos WSPUS, Partido Socialista Mundial dos Estados Unidos(que é proto-anarquista, ao meu ver) e CPUSA, Partido Comunista dos EUA, são agora coletivos, assim como a Liga Espartaquista, o APSP, Partido Socialista Popular Africano, o RCP, Partido Comunista Revolucionário, a FRSO, Organização Socialista Estrada de Libertação, a Solidariedade calma 2: a missão, o NBPP, Novo Partido dos Panteras Negras, o BRLP, Partido de Libertação dos Cavaleiros Negros, a LFI, Liga da Quarta Internacional, e o APL, Partido do Trabalho Americano.

Tanto Republicanos quanto Democratas querem manter a dominação imperialista sobre nós, países do tipo B, para continuar sugando a classe trabalhadora com o aval da burguesia nacional, gerente da lojinha.