segunda-feira, 25 de abril de 2022

Categorias fantásticas para aventureiros

Que diabo é isso, Xikowisk?, dirá talvez você cara(o) leitor(a) deste humilde sítio (praticamente uma chácara). Categoria é usado no jargão sindical, corroborado pela imprensa, pra grupo de profissionais. Como só há duas classes, burguesia e proletariado, acho errôneo o uso para tal.

Definido isso, vamos analizar as categorias fantásticas ofertadas aos JIPistas (jota-i-pis-tas) no primeiro JIP comercial, o Dungeons and Dragons, usando a Enciclopédia de Regras como base:

  • Clérigo: é um cruzado (nos moldes católicos) fantástico, como o Bispo, em O Feitiço de Áquila;
  • Guerreiro: é auto explicativo. Cara ou mulé com a arma na mão, como Sônia Rubra, em Guerreiros de Fogo;
  • Mago: é cara ou mulé que dá raduqui, mas não é o Ryu, como Merlin, em Excalibur, a Espada do poder;
  • Ladrão: não confunda com político do centro ou bolsonarento. Estamos falando de mestres do subterfúgio aqui, como Hasan, em O Fabuloso Ladrão de Bagdá*Phillipe Gaston, o Rato, em O Feitiço de Áquila; e Subotai, em Conan, o Bárbaro;
  • Druida¹: é o mago natureba, como Panoramix, em Asterix e Obelix;
  • Místico¹: é o monge shaolin, como o Príncipe Tarn, em Guerreiros de Fogo.

Mas e Elfo, Anão e Halfling, cara? A abordagem  da 1ª edição é extremamente racista e trata as raças semi-humanas como categoria, dizendo que um povo só trabalha com uma coisa - erro que foi consertado (creio) só na 3ª edição do AD&D - sim, o que se joga é (A)D&D, o D&D ficou nos  anos noventa e só resurgiu com retroclones como OSRIC, DCC, OSE e Old Dragon. Então vamos ignorá-las.

No AD&D 2ª edição, publicado aqui pela Abril,  o número de categoria aumenta, e já dá uma dica do ponto que vou falar neste artigo. Temos categorias separadas por grupos onde: 

  • Homem de Armas - guerreiro, ranger guarda e paladino;
  • Arcano - magos generalista e especialista;
  • Sacerdote - clérigo e druida;
  • Ladino - ladrão e bardo.

As novidades são:

  • Guarda: é o mateiro ou sertanista, como Transpoente (Passolargo é manero, mas errado), em O Senhor dos Anéis;
  • Paladino: parece um cavaveiro das fábulas à princípio, mas se trata de um clérigo de elite, um Templário, como Bradamante, em Duelos de Amor;
  • Especialista: é mago que segue uma escola de magia específica. Só tem ilusionista esmiuçado, mas serve de base para a criação de abjurante, conjurador, adivinho, feiticeiro, invocador, necromante e transmutador;
  • Bardo: é o jogral, o menestrel, como Cacofonix, em Asterix e Obelix.

Na edição seguinte (paro nessa, prometo), o bárbaro chegou, trazendo de volta o místico - que depois meditar por nove anos no Tibete, resolveu mudar o nome pra monge - junto com o feiticeiro.

  • Bárbaro: é guerreiro estrangeiro, como Conan;
  • Feiticeiro: é o Ryu - no tempo da fome - dando raduqui sem estudo mágico, como em Diablo.
Dito isso, quantas dessas precisam ser categorias, e quantas não precisam existir? Simples, três e o resto. Só precisamos de três tipos de aventureiros, combatentes, místicos e sagazes.
Mago, originalmente, é o sacerdote mazdeista. Ou sejE, clérigo, assim como o padre, imã, brâmane, monge, guru, pai, pastor, frei, pajé, druida, e por aí vai. Só muda a religião.
Do mesmo modo, um homem de armas medievo, um maratecoara, um uúxueiro², uma amazona, um cavaleiro, um bárbaro, um samurai, um caça-recompensa e um legionário poderiam estar na mesma assembléia da guilda, não fosse o espaço-tempo.

Pensando bem...


Não há a menor necessidade de uma categoria diferente para cada sociedade se o espião, o ninja, o assassino e o velhaco (rogue), ambos usam da astúcia pra desempenhar suas funções fantásticas. Bardo não entra aqui, músico em aventura é PNJ.
Bastaria somente alguns detalhes estéticos, uma perícia, um ou outro talento regional, para que tudo corresse tranquilamente apenas com derivados de combatentes, místicos e sagazes. Sem contar a redução considerável no número de páginas dos livros.
Eu tenho todos esse detalhes pra te dar agora tudo pronto pra tu começar a jogar nesse exato momento? Nem a pau, Juvenal! Mas continuo mostrando o caminho das pedras apontando. Em 2004, foi lançado uma versão do d2o Modern por essas bandas, Ação!!!, de Cassaro, Saladino e Trevisan, o qual só tinha 3 categorias: lutador, sobrevivente e perito. Creio que seja um bom começo para a categorização.



Como não tenho mais nada a acrescentar, beijo no seu quengo e até a próxima.


*Obrigado ao camarada marcio marcio, do Rapadura Açurarada Antifascista, no Telegram, pela lembrança do filme.

¹Está no mesmo balaio de categoria, mas é o que a 3ª edição chama de classe de prestígio.

²Deixo aqui registrado meu neologismo para “praticantes de Wushu.

sexta-feira, 22 de abril de 2022

Ledvov parte 2: Old Dragon Camarada

    Não é segredo pra(o)s camaradas leitores que gosto do Old Dragon desde sua primeira edição niteroiense, impressa em novembro de 2010, que só 299 pessoas e eu tivemos acesso infelizmente. Afinal temos um gerador aleatório de histórico de personagens, cortesia de meu primo/amigo/colega de Óciocast/consultor de programação Rafael Castro Couto.

    Com o meu retorno ao passa-tempo, pude trocar ideia com os autores dos livros e revistas que consumia, como Fabiano Neme, coautor de Old Dragon. Em meio a anúncios de uma segunda edição de seu jogo, Neme decidiu publicar seus textos recusados pela editora, dentre eles Old Dragon Old School Companion. Essa obra remete ao Dungeons & Dragons Companion Set, de Frank Mentzer, lançado em 1984, que continha regras para os 15º a 25º níveis. 

    Resolvi diagramar o conteudo, que estava em forma de documento RTF, então entrei em contato com o autor pra saber mais detalhes, de forma a deixar tudo no esquema. O Neme foi super solícito e aprovou o conteúdo.

    O que compartilho contigo aqui é a primeira versão do Old Dragon Camarada, que logo receberá uma rediagramaçao, agora que manjo mais dos paranauê.